Há tempos que se prega a partilha,o dar-se,o abdicar-se em favor do próximo,como formas de se atingir a perfeição do espírito a fim de que a vida post mortem se revista de paz infinita,condição inexistente na vida terrena.
Os homens vivem apavorados com a ideia da morte corpórea,em busca dessa eternidade plena,onde ser sanados todos os sofrimentos,tribulações e imperfeições de sua limitada condição de vida.
Céus,infernos,purgatórios,das mais variadas formas e tamanhos dos mais irregulares ciclos de duração,são instrumentos de expiação,criados e apontados pelas filosofias teológicas e por ciências metafisicas,para dar
uma dimensão de impenetrabilidade aos seus elementos.
Se nós nos olharmos introspectivamente com os olhos da alma,teremos uma visão perfeita e dimensionada
de que somos únicos,capazes de amar e de perdoar aos nossos semelhantes que se nos apresentam sempre
imperfeitos e amorfos,embrutecidos pelo egoísmo que lhe são peculiares.
Esquecemos-nos,nesse mister,de que eles também têm olhos e almas e,pelo prisma,nos olham e tiram suas
múltiplas conclusões,em relação ao nosso modo de viver a vida.
Generaliza-se sem nenhuma solução - a imperfeição humana,a pequenez do comportamento,a violência das
coisas,a lei do mais forte,a animalidade latente e instintiva que está sobrando em cada um de nós....
Vislumbra-se a teoria do imediatismo pessoal de forma avassaladora influenciando todos os comportamen
tos das pessoas.Nada é cedido.Tudo é tomado.
Na sanha de aumentar tesouros,pisamos-nos, insensível e calculadamente,sem nos preocuparmos com o pe-
so de nossos atos e as consequências de nossas omissões..
EU NÃO QUERO IR PARA O CÉU.
Acho-o infinitamente distante de mim e de minha diminuída capacidade de voar.
Basta ter o seu espaço para os meus voos,ainda permitidos.Nesse espaço permaneço a maioria do meu
tempo material,o que me afasta das pessoas que julgo mesquinhas e que devem me ver sob um grau ainda
bem menor que o meu....
É nesse pensamento que traço o meu próprio rumo,saboreando as correntes favoráveis e frias que vêm do
Sul,alheio às mesquinharias e a dias sociatividade nas quais me envolvo.
Por cima desses picos inescaláveis flutuo,diuturnamente,olhando o mundo lá em baixo,distante de mim e ao
mesmo tempo tão presente em minha vida.Aqui posso alterar rotas de voos,dar mergulhos supersônicos,pla
nar com a leveza dos anjos,subir infinitamente até o ar rarefeito sufoque as minhas dúvidas e angustias.
Aqui não como e nem bebo.Não tenho tesouros e nem preocupa-me ajuntá-los.
Apenas penso.Isso me basta para alimentar-me a ideia sempre faminta e sedenta do meu novo do meu bom,
do meu belo e do meu certo.Aqui éo fim do meu início.Não há chegadas nem partidas.
Só um imenso colchão de nuvens..........