Meu pensamento vaga em vôos perdidos,sobre o mar,afastei-me,propositadamente,do bando
de alimentação que vasculha comida;sob o espelho duro das águas e resolvi pensar um pouco.
Abaixo, o brilho do sol chega a ofuscar minha visão cansado de outros mares.
Continentes iguais,pessoas iguais,guerra sem vencedores e vencidos,já conhecí ao longo de
minha vida de avoante solitário.
Achei mais importante aproveitar o momento de estar comigo mesmo,ao sabor dos ventos,do
que ir em busca de alimento.
A alma não sente fome.
A alma sente saudade.
E eu preciso estar um pouco fora desse corpo cansado muma espécie de levitação sob o domí
nio absoluto das idéias.Perdi a noção do tempo de vôo e de vida.
Poderia até ficar aqui em cima para sempre,estático.
Vêm-me à mente pensamentos desordenados.
O céu, azul infinito e quase ofuscante,abre os seus caminhos para os que voam na saudade de
toda uma existência.....
Sinto-me cansado e enfastiado das coisas do ar e do mar,ansiando por viver em terra.
Amei pouco o que poderia ter amado mais,por sua característica de eternidade.
Dediquei muito tempo a materialidade das coisas corriqueiras e de valores repetitivos.
Pesquei muito quando deveria ter procurado me aproximar dos peixes e entender-lhes a vida
perversa que tem.
Eles são felizes a sua maneira aquática,num eterno mascar de gomas imaginárias respirando
uma vida dura e cruel.
Pelo menos,sou mais feliz,tenho espaço imenso da minha alma para percorrer e posso divagar
de quando em vez,remoer minhas cismas,avaliar meus planos,ao ordenar os pensamentos sobre
a imensidão do Atlântico,esperando a época propícia para,quem sabe, nem que seja por uma vez
apenas,como acontecem os momentos especiais na vida das aves do céu......
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